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Escolas Criativas

Graduação da HTH forma líderes educacionais: e o que pode ser feito aqui?

25 de abril de 2024 Diário de Bordo

DIÁRIO DE BORDO: EXPEDIÇÕES PEDAGÓGICAS – 2ª EDIÇÃO

Atuar na High Tech High exige preparação – e inspiração! Mais do que trabalhar com a metodologia aprendizagem baseada em projetos (PBL), a escola tem um olhar especial para a valorização de experiências compartilhadas, com ênfase em atividades investigativas; da cultura de crítica; e do trabalho dos estudantes.

Por isso, para integrar o corpo docente, o professor precisa ter autenticidade, perfil de liderança e estar verdadeiramente interessado na equidade e aprendizagem mais profunda dos estudantes. Antes de lecionar na HTH, os educadores passam por uma formação específica na Graduate School of Education (GSE), uma escola credenciada de pós-graduação, que faz parte da HTH.

A GSE oferece mestrado na área de educação e outros cursos focados na formação de professores. Os profissionais são capacitados para desenvolverem habilidades para se tornarem líderes dentro dos seus contextos escolares.

Similar às escolas da HTH, os cursos oferecidos pela GSE para educadores são criados considerando seus interesses específicos, reconhecendo que eles desempenham um papel crucial na construção do conhecimento. Essa abordagem reflete a mesma filosofia educacional das escolas, onde os estudantes da educação básica também encontram motivação em uma atmosfera centrada no desenvolvimento de projetos e na resolução de problemas baseados na realidade local.

“Trabalhar na HTH como um todo é inspirador porque os educadores que vêm ao trabalho todos os dias são firmemente comprometidos com a equidade, a transformação e a justiça”, afirma Paola Capo-Garcia, coordenadora de aprendizagem profissional da GSE.

Os cursos de formação da GSE não abordam toda a “filosofia” presente nas escolas. Entre as opções, há o “San Diego Teacher Residency”, com duração de dois anos, em que os educadores participam de uma residência, se transformam em alunos da HTH e são colocados literalmente na sala de aula, como parte do currículo da formação na área de ensino e aprendizagem. 

“Já para os educadores mais experientes, há o mestrado em liderança educacional, um programa de 20 meses, com foco em formar futuros líderes para a escola. Esse é o nosso programa mais acessível e está disponível nos modos online e presencial”, explica Paola.

‘PODER DO PAPEL E DA CANETA’

Como a GSE faz parte do complexo da High Tech High (na tradução, “alta tecnologia”), a coordenadora de aprendizagem conta que o nome, muitas vezes, faz as pessoas a acreditarem que a escola está na “vanguarda da tecnologia da sala de aula” ou que todo projeto pedagógico se dá por meio de ferramentas digitais. Mas não. 

“Apesar de valorizarmos a capacidade da tecnologia de conectar a todos e nos orgulhamos da nossa habilidade para experimentar, também somos um sistema escolar que valoriza um aprendizado desconectado. Utilizamos a tecnologia para apoiar estudantes de todas as idades e capacidades quando esta se mostra benéfica e necessária, mas voltamos com frequência ao poder do papel e da caneta”, afirma Paola.

Mas qual o segredo do sucesso dessa formação? Um desenvolvimento profissional consistente para formar novos docentes e apoiar os veteranos no aprimoramento de suas práticas de ensino. Paola, entretanto, frisa que ele deve acontecer de forma imersiva e a longo prazo”. “Fazer um workshop no começo do semestre que apenas explica alguma estratégia, não vai convencer o professor sobrecarregado de trabalho que ele precisa repensar sua sala de aula.”

Na GSE, o desenvolvimento profissional é permeado por um lema muito potente na educação: todo aprendizado está ligado às experiências do mundo real, do que é cultural e pessoalmente relevante para o estudante. “É o que torna a educação potente e transformadora de vidas”, complementa Paola. 

As formações valorizam a participação ativa da equipe por meio de diálogos reflexivos sobre a concepção de experiências educacionais transformadoras. Além disso, esses encontros buscam resgatar as memórias dos professores enquanto alunos, proporcionando referências para aprimorar suas abordagens pedagógicas. 

Aqui fica uma importante lição de que a promoção de rodas de conversa e práticas de escuta ativa não podem se limitar apenas ao contexto dos alunos. Estas podem ser estratégias benéficas também para fortalecer a colaboração entre os educadores e o vínculo entre esses profissionais com a escola e com a comunidade.

É claro que a satisfação e a motivação no trabalho também estão ligadas à questão salarial, como reforça Paola. “Mas, se isso não pode mudar, então o ambiente de trabalho tem que parecer gratificante e satisfatório de outras formas.”

INOVAÇÕES POSSÍVEIS

Uma boa formação de professores é a chave para o sucesso de qualquer política pública em educação. Neste quesito, pelo menos duas redes que fazem parte do Programa Escolas Criativas se destacam. 

A rede municipal de São Luís (MA), por exemplo, fundiu ao Escolas Criativas, o programa Educar para Valer utilizando a Aprendizagem Criativa como abordagem central em todas as formações da rede. A cidade investiu em um processo de formação bem robusto e escalou o Programa Escolas Criativas para 100% da rede, o equivalente a 160 unidades escolares. 

Já Curitiba (PR), adotou a estratégia de designar pedagogos responsáveis pela Aprendizagem Criativa nos Núcleos Regionais da secretaria de educação para oferecer formação e apoio às escolas, como um mentor que apoia os projetos. Inclusive há um profissional com a mesma função na HTH.

Esses profissionais passam por formações imersivas diretamente com os membros da Gerência de Inovação Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba e estão em constante diálogo com seus formadores para traçar estratégias formativas e de acompanhamento dos profissionais das escolas.

E por aí, o que você acha ser possível fazer na sua cidade ou estado? Reunir os professores para ouvi-los e entender quais são suas maiores dificuldades pode ser um bom começo. Propor dinâmicas em que eles possam expor desafios e sonhos parece algo simples, porém tem potencial transformador.

Leia aqui o Diário de Bordo: Expedições Pedagógicas número 1