Sobre a Aprendizagem Criativa
No programa Escolas Criativas nosso trabalho pauta-se principalmente em uma abordagem educacional denominada Aprendizagem Criativa, que estimula a criação de experiências e ambientes de aprendizagem mais exploratórios, investigativos e lúdicos, que incentivam nos estudantes o desenvolvimento do pensamento criativo, da curiosidade e da inventividade.
Proposta por Mitchel Resnick, coordenador do Lifelong Kindergarten Group, no MIT Media Lab, a Aprendizagem Criativa baseia-se principalmente no Construcionismo de Seymour Papert, também do MIT, o qual se inspirou nas ideias de Piaget, de Paulo Freire, da Montessori e outras grandes referências na área da educação.
Essa abordagem possui quatro pilares, que norteiam a criação de experiências e ambientes de aprendizagem, os chamados 4 Ps: Projetos, Paixão, Pares e Pensar brincando. Ou seja, parte-se do princípio de que os estudantes aprendem melhor quando têm oportunidade de construir algo (PROJETO) que seja pessoalmente significativo (PAIXÃO), seja um carrinho, um poema, ou um programa de computador. E, esse processo torna-se ainda mais rico quando são incentivados a trocar ideias e colaborar com outras pessoas (PARES) e a explorar os materiais e conceitos envolvidos no projeto de forma livre e descontraída (PENSAR BRINCANDO).
Vale ressaltar que construir algo, ou seja, criar um projeto, sempre envolve um processo criativo. Esse processo permite que o estudante tenha a oportunidade de desenvolver ideias, conceitos ou artefatos, além de expressar-se e manifestar sua voz em um contínuo processo de aprendizagem, denominado na Aprendizagem Criativa como espiral da criatividade. Durante esse processo, eles podem IMAGINAR e ter muitas ideias para colocar em prática por meio do desafio de CRIAR. Essa criação, no entanto, não se limita ao contexto escolar, permitindo que os estudantes se envolvam de maneira lúdica e exploratória, podendo BRINCAR, sentir-se pertencentes e conectados enquanto realizam seus experimentos mentais. Quando os projetos extrapolam o ambiente escolar e o ambiente de aprendizagem incentiva a colaboração, os estudantes têm um desejo maior de COMPARTILHAR suas criações, apresentar suas ideias e divulgar suas descobertas. Esse processo de compartilhamento, quando mediado adequadamente, oferece oportunidades para que estudante REFLETIR sobre suas criações e voltar a IMAGINAR novas ideias, formas de expressão ou criação, permitindo assim que a espiral continue seu curso.
Além dos 4Ps e da espiral da criatividade, existe um terceiro fundamento importante na Aprendizagem Criativa, que costumamos chamar de casinha da criatividade. Ela consiste em apoiar o desenho de experiências e ambientes de aprendizagem que propiciem oportunidades para que todos os estudantes iniciem a exploração livre de forma imediata, (ou seja, a atividade precisa ter um piso baixo, começar com desafios possíveis para todos), ao mesmo tempo em que permite que possam trabalhar em projetos com complexidade crescente (teto alto), além de oferecer a possibilidade de seguirem por diversos caminhos e formas de expressão (paredes amplas).
PROJETOS
No programa Escolas Criativas, compreendemos o projeto como uma construção criada pelos estudantes, que tenha conexão com um tema curricular e ao mesmo tempo com o que lhes é pessoalmente relevante. Não há um passo a passo que resulta em construções iguais ou muito semelhantes e sim espaço para o exercício da autonomia e liberdade criativa e para a exploração de diferentes ideias e materiais de forma lúdica. Esse processo acontece de forma colaborativa, mesmo que as criações sejam individuais, em um ambiente de compartilhamento de ideias. Compreendido assim, o projeto pode oferecer ricos contextos para o aprendizado dos conteúdos curriculares, pois quando o estudante cria algo concreto no mundo (seja real ou virtual), esse projeto se torna uma representação externa das ideias que existem em sua cabeça, uma materialização do seu pensamento. Então, nesse processo de criação e refinamento, eles brincam não só com o que está sendo construído, mas com as próprias ideias que permeiam essa construção, obtendo melhor compreensão dos conceitos envolvidos, construindo significados e entendimentos sobre as possibilidades e limitações do que conhecem. É isso que torna essas atividades “mão na massa” tão importantes para o processo de aprendizagem, no construcionismo e na Aprendizagem Criativa.
CONSTRUCIONISMO
O Construcionismo é uma teoria educacional proposta por Seymour Papert, que argumenta que a atividade de criar ou construir coisas e projetos fornece um rico contexto para o aprendizado. De acordo com o pesquisador, as crianças aprendem melhor quando descobrem por si mesmas o conhecimento específico do qual necessitam. E, o tipo de conhecimento do qual mais precisam é justamente o que as ajudará a obter mais conhecimento, sendo um papel fundamental da escola desenvolver a arte de aprender, que Papert denominou matética. O construcionismo tem como característica principal investigar a ideia da construção mental, atribuindo uma importância especial ao papel das construções no mundo como um apoio para o que está sendo construído na cabeça. Não importa o projeto que está sendo criado, pode ser um modelo, um artigo científico, uma poesia, uma receita de pão, a programação de um irrigador automático para a horta da escola, enfim, qualquer coisa que seja pessoalmente significativa ou tenha relevância para as pessoas ao redor. Quando criamos algo concreto no mundo (seja real ou virtual), esse projeto se torna uma representação externa das ideias que existem em nossa cabeça, uma materialização do nosso pensamento. Então, nesse processo de criação e refinamento, brincamos não só com o que está sendo construído, mas com as próprias ideias que permeiam essa construção, obtendo melhor compreensão dos conceitos envolvidos, construindo significados e entendimentos sobre as possibilidades e limitações do que conhecemos.
Se quiser ouvir o próprio Papert falando sobre o que é a essência do Construcionismo,
assista ao vídeo a seguir 🙂